Segunda Carta


Dor, decepção, atravessa-me a alma num giro de emoções que insistem em tremer á minha volta. Encontro-me fechado nas recordações, onde me deixaste quando partiste. Olho o reflexo que recusa olhar-me de volta, não suportando a minha tristeza, o meu rosto alterado em 315 lágrimas choradas. Lembro-me de todas as coisas que me disseste, lembro-me da primeira vez que te vi. Lembro-me quando disseste que não me ias abandonar. Apesar de o sentir que irias fazer, mas não queria acreditar que tal coisa fosse possível… Mas aconteceu, apesar de ainda esperar um regresso inverosímil e enquanto o faço, olho para o reflexo que mostra uma cara cada vez mais sem face, deprimida, indolor, que está habituada á soidade. Era a tua presença que me acalorava a alma, e sem ti, não sou nada! O reflexo tinha-se recusado a reflectir a minha imagem naquele momento de desespero… parte-se. A cada pedaço do reflexo partido do chão crescia a minha dor. Então sentei-me no chão, e pensei no que aconteceu entre nós, no que me tornei, e no que deixei de ser quando levaste embora uma parte de mim … o meu sorriso, a minha alma, o meu coração, a minha vontade de existir. Sei que nunca correspondeste aos meus sentimentos, nunca disseste que serias capaz de o fazer, mas eu não me importava, achava que o meu amor, o bem-querer por ti, era suficiente para ambos. Afinal não era… E ao magoares-me com a calma de quem o faz por prazer, perdeste em juras de algo que dizes não ser nem querer, que descubro por mim mesmo, as tais promessas inúteis. Devora-me perceber que não entendes os meus desgostos e que muito menos tentas compreender como eu me sinto. Perco-me em erros, juntando em ti todas as imposições para ser felizes, mas para me arruinar lentamente e tortuosamente. Sei que nunca irei conseguir arruinar o amor que sinto por ti, enquanto não te destruir… Mas sabes muito bem que nunca, iria conseguir destruir-te, ainda que saiba que tu próprio procuras a autodestruição. E aí, seria o teu (falso) fim de mim. 

3 comentários:

  1. Adoro o teu texto! Está sentido.
    Na verdade, adoro todos os que tens presentes no teu blog. E de uma forma, admiro-te por seres como és e conseguires fazer disso uma coisa tão simples, porque na verdade não há mais simples do que isso.
    Fica bem (:

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  2. oiii, desculpa incomodar, amei o teu tema, podes me dizer qual é ?

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